Paula Feitoza é conhecida como DJ Pal, é uma artista de muitos talentos. Participante ativa desse novo movimento de ocupação do espaço público, tem muita história boa para contar. Hoje vamos conhecer mais um pouco dela.
TUNTISTUN: Oi Paula, tudo bem? É uma alegria fazer essa entrevista com você. Você é uma mulher multi talentosa, vamos falar um pouco da sua trajetória, beleza?
Eu que agradeço pelo convite! Super maneiro a iniciativa da Tuntistun de fazer essas entrevistas e poder conhecer um pouco dos artistas que constroem nossas noites aqui em Brasília.
TUNTISTUN: Vamos falar um pouco do início, conta um pouco de você, onde nasceu e tal, conta pra gente como foi sua juventude?
Nascida e criada aqui no DF, inclusive o prédio onde eu nasci tá abandonado lá na asa sul. Morei toda minha vida em Samambaia Norte ,cidade entorno de Brasília, e bom vivia brincando na rua desde criança, tenho um irmão mais velho que também está envolvido na área de eventos e acho que isso tem muito a ver em como fomos criados, a área criativa e principalmente musical sempre foi muito incentivada em nossa família, inclusive mesmo com uns 10 anos de idade a gente já brincava na casa da nossa avó de ter um radio tv, com os nossos primos, meu Padrinho tinha equipamentos de dj e meu primo mais velho possuía uma câmera, então vivíamos brincando em ter nossa própria rádio, aos 12 ganhei meu primeiro violão porque era de fato uma vontade de aprender a fazer música desde criança.
TUNTISTUN: O que você escutava antes de escutar música eletrônica?
Acredito que não existe uma linha do tempo onde eu não escutava música eletrônica, como eu disse meu padrinho era Dj quando eu era criança, então nos encontros de família ouvia se de tudo desde Rio negro & Solimões a Pink Floyd e sempre rolava também uns eurodance ou uns Miami bass ( veja bem minha vó morava no setor bolinha hahaha) . Mas grande parte da minha adolescência passei pela fase chata de achar que um gênero tinha que ser melhor que outro e acabava caindo bastante para o rock, e escondido ouvindo rap, hip hop, axé, funk, pop, ainda bem que evolui nesse ponto e me permitir me abrir a novas experiências.
TUNTISTUN: Quando descobriu a música eletrônica?
Uma memória muito forte que tenho foi quando meu Padrinho tentou me ensinar a discotecar quando criança e ele colocava Daft Punk, Gigi d’agostino, Lasgo, Alice Deejay. Depois no ensino médio tive meu primeiro contato de ir em festas de música eletrônica, raves, trances e explorar mais os subgêneros que existiam na época, e não tem como enganar o House sempre teve um lugar especial para mim.
TUNTISTUN: Quais foram suas primeiras festas e Djs que te abriram os olhos?
Primeira festa que fui ainda menor de idade (agora já pode contar ) foi com meu irmão no em 2008 quando o Ian Carey veio a Brasília, na época ele havia lançado uma música que fez bastante sucesso Keep on rising. Mas acredito como Dj, Daft punk claro faz parte. Quando comecei a ouvir mais hip-hop internacional e tocava nos jogos e sempre via Grandmasterflash e me amarrava demais. Na época que eu ia muito em trance ouvia bastante infected mushroom, Armin van Burren, Paul van dyk, Tiesto.
TUNTISTUN: E logo que você gostou da música decidiu ser Dj? Como foi esse caminho?
Cara eu não decidi de primeira me tornar Dj, demorei um ano depois que eu entrei no Coletivo SNM para começar o processo de aprender a ser Dj. Tive um banda e fui baixista por 5 anos e acabou me frustrando bastante por acabar não dando certo e durante o mesmo período pude acompanhar o SNM criando forma e o surgimento de uma nova paixão minha, que é a parte visual e cenográfica e acabei dedicando 1 ano para aprender design gráfico, iluminação, e até doma feita de canos eu fiz. Nessa mesma época fui construindo minha pesquisa e me redescobrindo como artista, e me conectei profundamente com a housemusic, a disco music, o electro, foi uma maneira que consegui linkar meu amor pelo baixo com a música eletrônica, conhecer Fatima Yamaha, Larry Levan, Frankie Knucles e quando rolou de tocar pela primeira vez e de alguma maneira consegui transmitir um sentimento foi algo que ficou marcado para mim.
TUNTISTUN: Diz para gente 5 músicas que te marcaram no início da sua descoberta?
TUNTISTUN: Conta um pouco da história do surgimento dos coletivos que você participa, como foi o início de tudo?
Então, o Espaço vazio era uma ideia antiga da época que ainda eu, Vitor (Epia72d) e Mota (LmT) participávamos do SNM, e o nosso propósito veio muito de ocupar os espaços da cidade, ainda mais Brasília, que geograficamente ela é feita para se afastar do entorno (ao menos essa é o minha opinião, de alguém que mora a 40 minutos do centro de Brasília). A ideia é crescer um sentimento de pertencimento a cidade, tomar ela artisticamente e poder compartilhar isso com todos, e fazer isso com a música eletrônica e seus subgêneros buscando a pluralidade e a diversidade. Claro temos muito que aprender nesses aspectos, mas acredito que estamos no caminho certo.
A Tairape Studio surgiu com um desejo mutuo de querer explorar essa parte visual dos eventos, e ai Eu e o Vitor já fazíamos a iluminação com led endereçável na Crying Club e no SNM Sessions, Lembro de conhecer o Bruno inclusive na segunda crying club, enquanto eu projetava, trocar ideia e compartilhar conhecimento é uma das paradas que mais curto enquanto produtora e artista, e o Bruno tem muito disso também e ai acabamos virando grandes amigos e pensamos porque não juntar isso, até por que é trabalhar nessa parte de iluminação reque conhecimentos técnicos complexos. E assim surgiu a Tairape. Hoje devido a pandemia estamos mais estudando e preparando os equipamentos para o grande comeback dos eventos pós pandemia.
TUNTISTUN: Fico imaginando para pessoas mais jovens como ter parado um ano, e correndo o risco de parar quase 2 anos, justamente na época que o rolê tava crescendo, cada vez melhor, e tal, que essa parada é muito difícil eu imagino, mas o que a gente precisa aprender com essa parada?
Acredito que tenha sido difícil para todos da cena cultural e não só da parte eletrônica, penso muito no pessoal dos bastidores que através dos eventos que retiravam suas rendas. Me fez refletir bastante como trabalhar com Cultura ainda é algo muito informal e precisa ser estruturado para termos garantias e estabilidade profissional, desde do Artista até a galera que ajuda na limpeza dos espaços.
TUNTISTUN: O que em geral a cidade poderia se desenvolver melhor?
Cara poderia fazer um tcc só sobre isso, são várias questões mas para mim o que pega mais é a População de uma maneira geral, um elitismo tosco que existe na cidade, esse distanciamento entre pessoas, cidade-entorno, lei do silêncio, uma burocracia exagerada para realização de eventos, transporte publico que não alcança nem flui na cidade, Acessibilidade da cidade aos cadeirantes, as pessoas que moram longe, taxas altas passagem, cara é muito coisa que dá pra desenvolver mas acredito que não dependa só do governo mas também uma participação mais ativa da sociedade na politica em todos os núcleos possíveis.
TUNTISTUN: Tem algum(a) Djs da nova geração que você acha que merece a nossa atenção?
Acho que faço parte dessa nova geração, tem muita galera boa que acabou surgindo na nossa cena eu fico muito feliz quando vejo mais mina tocando então vou citar algumas minas que eu conheço e admiro, porque para mim as mulheres djs deviam ter mais atenção pela qualidade sonora, ao invés de lembrar apenas para bater cota em line. Segue ai então :
Giograng; FAA; Demetria; Cxxju; ANRMS; Ale_xk, Armenia; Leriss; Preta; Athena.
TUNTISTUN: Fala um pouco das suas influências mais recentes, o que merece destaque?
Atualmente tenho parado mais para ouvir mais o que os artistas brasileiros tem produzido, a cena de grime tem me chamado bastante atenção, galera do chillbaile também mandam demais, tenho ouvido também muito sons ambientes inclusive durante a pandemia o Espaço Vazio soltou uma série de podcast ambiente exatamente para dar uma relaxada e explorar mais de gêneros que não são muito de pista e eventos.
TUNTISTUN: O que você imagina da volta dos rolês?
Eu imagino finalzinho de 2022, sendo otimista, mas pensando em rolês que o Brasil inteiro esteja vacinado, principalmente os jovens, mas posso estar errada. Eu como produtora cultural não consigo conceber a ideia de realizar qualquer tipo de evento enquanto as pessoas não estiverem vacinadas. E fica difícil imaginar eventos de fato seguros no governo atual, onde se vê muito negacionista da vacina e pessoas sem nenhum mínimo de empatia com o outro. Mas quando voltar eu imagino um carnaval ai de 3 meses!
TUNTISTUN: Pode indicar 5 músicas mais recentes que você tem curtido?
TUNTISTUN: O que você acha da energia da pista de Brasília?
A energia da pista de Brasília é pau, aqui o negócio é bpm no alto, som do lethal torando, geral pulando animação lá em cima, todo mundo dançando sem parar, a saudade é grande. Acho que o brasiliense curte festa curte tanto que é 08 da matina e se desliga o som o povo reclama falando que tá cedo demais pra acabar, galera é super plural, dá pra sentir a diferença quando você acaba indo por exemplo em sampa, pelo menos em 2019 a vibe era downtempo enquando aqui em Brasília galera é 4×4, uns acid algo mais up, pelo menos é o que eu sinto!
Fotografes: Isabella Furtado – @by_bbella
Elvis Lins – @elvis_____sven
Fernanda Coutinho – @fercoutinho
Pedro Lacerda – @pdrlcrd