Ju Hatem é uma das DJs da cidade que vem se destacando pela técnica e pelo repertório, e hoje ela é nossa convidada para essa entrevista no TUNTISTUN.
TUNTISTUN: Grande Ju Hatem, tudo bem? É uma alegria fazer essa entrevista com você que é uma das promessas de sucesso entre os novos talentos da cidade.Vamos falar um pouco do início de tudo? Conte mais sobre você, onde nasceu e como foi sua infância e adolescência?
Ju Hatem: Sou mineira, nascida em Governador Valadares/MG, onde permaneci até os dez anos de idade, e por conta da profissão do meu pai me mudei para Belém/PA, depois para Anápolis. Nesse período em Góias, inclusive, comecei a frequentar Brasília e conhecer mais a cultura e o entretenimento da cidade. Depois morei em São Paulo capital, local que expandiu muito meu conhecimento no geral, inclusive meu contato com música eletrônica.
TUNTISTUN: Você sempre foi uma pessoa ligada em música desde cedo? Qual sua relação com a música na sua juventude?
Quando criança fiz aula de teclado e piano e, anos depois, estudei um pouco de violão. Com o passar dos anos acabei por abandonar os instrumentos (algo que acho uma pena de verdade) e resolvi trocar os instrumentos pela a CDJ e mixer. Então meu contato com música é, de certo modo, longínquo. Costumo dizer que minha vida é realmente uma trilha sonora, eletrônica rs. Consigo expressar cada momento, cada fase da vida por meio de uma música eletrônica.
TUNTISTUN: Quando e como você descobriu a música eletrônica?
Ainda muito nova, acompanhava minha mãe escutando seus discos de vinil de dance e disco music, desde então a música eletrônica entrou na minha vida e nunca mais saiu. Sem dúvida essa influência foi decisiva. Com o passar dos anos tive a certeza de que a sonoridade que realmente me tocava tinha ligação na música eletrônica. Quando adolescente comecei a frequentar matinês nas boates e a escutar eletrônico mais assiduamente.
TUNTISTUN: Quais foram suas primeiras festas e Djs que te abriram os olhos?
O primeiro grande evento que tive oportunidade de conhecer foi o Skol beats no ano de 2000 em São Paulo. Na época a cena drum n bass era forte e eu estava bem envolvida com os Djs Marky e Patife. Lembro-me perfeitamente da força e da energia na tenda na qual eles tocaram. Nesse mesmo evento também pude assistir o show do Prodigy, que foi sem palavras, inesquecível.
TUNTISTUN: E logo que você gostou da música decidiu ser Dj? Como foi esse caminho?
A vontade de ser DJ apareceu muito anos após meu envolvimento real com música eletrônica. Passei muito anos pesquisando sobre música, lendo sobre o assunto, assistindo documentários. Após constituir uma base mais sólida de conhecimento, comecei a estudar mixagens via Skype com um amigo DJ de Anápolis, que me mostrou uma base muito importante. Aprendi o que pude com o recurso que possuía naquele momento, através do uso de softwares como o SonyAcid. Quando me mudei pra Brasília resolvi fazer um curso presencial de mixagem e isso colaborou decisivamente para querer ser DJ, de fato. Tudo foi elementar, sou muito grata por isso.
TUNTISTUN: Conte um pouco do seu som e de suas influências como DJ?
Meu som tem que ser forte, firme, possuir textura sonora energética e envolvente, de tal modo que o público verdadeiramente se entregue e se conecte à melodia. Em questão de influência no meu som cito o Dj Maceo Plex, um profissional versátil, contemporâneo que toca e produz com muita personalidade. Como referência de mulheres na música eletrônica algumas me influenciam pela postura, pelo som, pelas conquistas na cena, como a Eli Iwasa, Amelie Lens e Honey Dijon.
TUNTISTUN: Diz para gente 5 músicas que te marcaram no início da sua descoberta na música eletrônica?
Faithless – Insomnia:
Layo & Bushwacka – Love Story
Daftpunk – One more time
Underworld – Born Slippy
Darude – Sandstorm
TUNTISTUN: E o que você gosta de transmitir nos seus sets?
A música é uma relação de sincronia entre batidas, melodias, efeitos, vibrações e frequências. Como DJ, sinto-me condutora dessa sincronicidade. Música pra mim é amor. Busco transmitir esse amor e essa energia.
TUNTISTUN: Quais Djs da cidade você acha que precisamos ficar atentos por serem talentosos?
A cidade tem muitos artistas talentosos, muitos ainda em inicio de trajetória, buscando seu espaço e outros mais consolidados. Uma Dj para se atentar é a Camila Jun. Ela é antenada, manda um som – house music – que eu curto muito, além de ideias diferenciadas na produção de eventos, que exploram bem espaços urbanos da cidade.
TUNTISTUN: O que você acha da pista de Brasília?
Brasília é uma cidade muito rica culturalmente. Tem eventos para todos os gostos e artistas talentosos. Acho incrível a ocupação de locais arquitetônicos, uso da arte de rua e grafites nos eventos. Isso transfere uma personalidade única e inovadora pra pista da cidade, demonstra que a cena é criativa e democrática.
TUNTISTUN: Pode indicar 5 músicas mais recentes que você tem curtido?
Faithless, Maceo Plex – Insomnia 2021
Chappier – Ravina (Original Mix)
Stephan Zovsky – Jutta (Angelov Mix)
Vallent, Sarria – Hey Human (Binaryh Remix)
Hopper – Tramal (Original Mix)
TUNTISTUN: O que te encanta atualmente ao escutar um som?
A capacidade de cura e inspiração, de ser ponte de conexão entre memórias e vibrações positivas.