Entrevista com Derick da NEXT – 2022

DERICK
Derick

Entrevista com Derick da NEXT

[TUNTISTUN] Oi DERICK tudo bem? É um prazer fazer essa entrevista com você que é um dos caras bem talentosos da nossa cena , vamos falar um pouco disso tudo?

DERICK: Olá, galera do Tuntistun! Primeiramente, parabéns pela grande contribuição que toda a equipe de vocês têm feito à nossa cena. Obrigado pelo convite para participar desse bate-papo. Estou muito feliz em poder falar um pouco sobre as coisas que eu amo.

Vamos falar um pouco do início, conta um pouco de você, onde nasceu e tal, conta pra gente como foi sua juventude? 

Eu sou nascido e criado em Taguatinga. Tenho muito orgulho de fazer parte de uma geração incrível que fazia de tudo nas ruas de Taguá! Minha juventude foi muito legal. Morei a vida inteira na QNJ e, na mesma rua, pude frequentar as casa dos meus pais e meus avós paternos e maternos. Era praticamente a minha família inteira na mesma rua! Ali pude fazer verdadeiras amizades que perduram até hoje. Os amigos que me viram nascendo ainda são os mesmos amigos de hoje.

Estudei nas escolas públicas da região e era expert em matar aulas (que meu filho não leia esta entrevista, rs). Tive uma adolescência dividida entre a rebeldia e a sensação de que deveria fazer algo diferente da minha vida.

DERICK
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E qual a importância da música na sua adolescência e formação como pessoa?

A música sempre fez parte da minha história. Meu pai era colecionador de discos de vinil e sempre me levava para comprá-los. Lembro muito bem de cada disco, cada banda, cada música e cada DVD que ele tinha. Escutava música todos os dias! Uma das lembranças mais marcantes que tenho é do meu pai ligando o som todo sábado de manhã na rádio. Ali ele sempre escutava de tudo enquanto ia cozinhando. E essa paixão dele por música também tem suas raízes.

Meu avô paterno trabalhou muitos anos fabricando zabumbas para grupos de forró. Até hoje, com 88 anos de idade, ele ainda toca forró com seu trio na feira todos os domingos. Ver tudo isso acontecendo me fez estabelecer uma relação afetiva muito forte com a música.

Derick
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Quando e como você descobriu a música eletrônica?

A música eletrônica, de certa forma, sempre esteve presente em minha vida. Meu pai tinha muitos discos de músicas black, soul, disco, funk, freestyle, house e coletâneas de DJs famosos que reuniam várias músicas do mundo inteiro em mixes e lançavam em vinil. 

Mas se formos colocar em termos mais atuais, meu primeiro contato com a música eletrônica foi através de um CD do Marquinhos Mark Mark, famoso DJ Marky, com uma mix das músicas da renomada label Toco Dance, em 2001. Ainda em 2001, tive a oportunidade de entrar em contato com uma apresentação do Marky tocando drum’n’bass/jungle em uma festa chamada UP Music, que aconteceu no estacionamento do Taguatinga Shopping.

Foi um verdadeiro despertar para mim conhecer o drum’n’bass/jungle naquela época. Depois comprei CDs do Rica Amaral, do Patife, do ATB e comecei a consumir muita música eletrônica de todos os gêneros. Lembro do meu primeiro contato com o techno em um SET do Sony no antigo Show Bar, que ficava no início da Asa Norte. Depois tenho a fresca lembrança de um DVD do Clubtronic, com apresentações gravadas ao vivo no Ibirapuera de vários DJs do Brasil. 

Derick
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E logo que você gostou da música decidiu ser Dj? Como foi esse caminho?

Na época que eu comecei a escutar música eletrônica com mais dedicação, existiam vários DJs em Brasília que já tocavam nas festas e promoviam eventos underground. A vontade de ser DJ começou assim que vi os caras fazendo o som nas MKS. Eu achava incrível como aquela minha realidade de contato com discos de vinil a vida inteira havia tomado um novo significado, agora muito mais imersivo e divertido!

Quando comecei a tocar, não comecei pelo gênero que toco atualmente (techno). Comecei tocando breakbeat e UK Garage. Tive um curto período no drum’n’bass também.

Derick
Derick

Quais foram suas primeiras festas e Djs que te abriram os olhos?

Como sou cria de Taguá, minhas primeiras festas foram as que aconteciam por ali mesmo. O grande divisor de águas pra mim foi o projeto Laboratório, comandado por LuiJ e Poeck na época. Então eu me juntei a um grupo de amigos pra gente aprender a tocar. Entre eles, o meu mais antigo amigo Marcus Diniz (aka MKM) e o Rodolpho (Rodox). Lembro que pegamos emprestado o par de MK2 e um mixer antigo da Behringer com o Glauber (na época Glaubox e hoje Jamie Coins) e íamos para a casa do MKM pra aprender a tocar.

Tinha um outro amigo nosso também, o Luciano, que na época comprou um par de CDJ 100s da Pioneer. Ali era o nosso playground! Logo na sequência, conheci o Alessandro Souza (Lethal Breakz) nos Laboratórios da vida e de lá pra cá nos aproximamos muito por causa da cena e das festas. Somos grandes amigos até hoje. Os DJs que mais me influenciaram foram o Poeck, LuiJ, Xandy, Freeky, Glaubox, Weirdo e toda a galera do DNBOnline na época. 

E produção musical no passado era mais complicado ne?

Então, na produção, me dediquei um pouco no início da carreira. Não tinha muitos recursos para comprar um bom setup de produção ou uma máquina capaz de rodar legal os softwares, que na época eram o Reason, FL Studio e o Audio Logic. Como me dediquei mais à discotecagem, comecei a me envolver mais com a produção cultural do que com a musical durante muitos anos. Estou projetando começar a lançar algumas coisas em 2023. 

Diz para gente 5 músicas que te marcaram no início da sua descoberta da música eletrônica?

Cara, que difícil escolher só 5. Vou listar aqui uma de cada gênero que me influenciaram bastante:

J Zinc – 138 Trek

The Prodigy – Break & Enter

Kosheen – Hide U

DJ Camilo Rocha – Freak Station

Renato Cohen – Pontapé

Você também é um dos responsáveis pela marca NEXT, conta pra gente um pouco mais sobre o próximo evento de vocês que já tem data marcada, né?

Sim! A NEXT é uma filha que amo muito. Depois de muitos anos como DJ e participando de algumas produções culturais, resolvi desenhar um projeto que reúne todos os meus anseios e aspirações para a cena num mundo pós-pandemia. Me juntei ao Arthwilliams (ARTH) e ao Berger Soares (N’Vakk) e juntos demos forma ao projeto NEXT. Hoje eu sei que esse projeto é muito maior que todos nós. Na verdade, a cena em si é muito maior que todos nós. E esse é um dos pilares da NEXT: entender que a cena é muito maior que o projeto.

A primeira edição, veio como uma proposta de experiência dentro do techno. Foi proposital essa ideia. Mas a NEXT, desde o início, foi pensada baseada na verdade basilar de que ela é muito maior do que o techno, na medida em que reúne várias vertentes da música eletrônica.

Nesta segunda edição, queremos deixar clara a ideia de que a NEXT é um projeto que tem um foco específico dentro do universo que é a música eletrônica, mas que ela é feita por seres humanos e para seres humanos. A explosão de organicidade que a 2ª edição carrega em seu moodboard quer retratar justamente isso. Claro, que dentro de uma estratégia de produção, a NEXT precisa ter uma estética específica, mas dentro do que pensamos sobre o projeto, essa especificidade acaba se fundindo com aspectos não tão conservadores.

Seja pela Heritage (SC) trazendo seu Indie Dance, seja a Bruna Val com sua carreira consolidada na house music e no prog house, seja o professor Hardkicks com seu som vanguardista que arrisca dropar até UK Garage em seus sets, o Moon K (SP), visionário idealizador da Amazonika com seu som quase que espiritual, a Floww (SC) com sua pegada progressiva, pesada e ao mesmo tempo introspectiva ou o produtor prodígio Stratoverb a NEXT pretende ser um organismo vivo que proporciona experiências. 

Se fosse colocar uma analogia em termos literários, o protagonista da NEXT nunca foi o techno, sempre foi a EXPERIÊNCIA.

A próxima edição, como vocês disseram, já tem data marcada. Acontece dia 18 de Junho, no Velvet Pub.

Derick
Derick

Fala um pouco das suas influências musicais, o que você busca no seu som?

Eu não gosto muito de rotular o meu som. Quando perguntado, eu digo que toco techno. Tenho me aproximado muito do techno melódico, do prog e do indie. Mas eu não tenho absolutamente nada que me impeça de tocar um minimal ou um raw. Ou até mesmo dropar um breakbeat/UK Garagem em meu set. Lancei recentemente um DJ SET pela Amazonika e, engraçado, a imagem utilizada no artwork do meu set foi a de uma centopéia.

Não poderia representar melhor. As minhas influências são meus amigos produtores e DJs. Um grande nome que sempre admiro e aprendo com, é o Hopper. Acho que a pegada 90s das influências dele dá um brilho ainda mais especial nos seus sets. Quando estou desenhando as edições da NEXT me inspiro muito nos produtores Jean C e Lethal com sua incrível Disco’N Funk e no Tonny Rocks pela grandiosa história de construção da Vapor

Pode indicar 5 músicas mais recentes que você tem curtido?

Mais uma difícil, hein Tuntistun! Hehehe! Mas vamos lá. Vou citar 5 que curto muito tocar e as pessoas sempre se sentem tocadas de alguma forma:

Avidus – Prometheus:

Darlyn Vlys – Uroboros

Fideles – No Human Interation:

Depeche Mode – Enjoy The Silence (Stratoverb Remix)

Hopper – Tramal

Instagram do Derick: https://www.instagram.com/djderickofc/

Instagram da Next: https://www.instagram.com/nextbsb/

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DJ Oblongui

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