O Temprano é um coletivo atuante em Brasília e hoje vamos dar um close neles.
TUNTISTUN: Oi pessoal da Temprano, tudo bem? Vamos falar do coletivo? Quem faz parte do coletivo e como foi o início de tudo?
O coletivo foi criado por mim, Ernani Pelúcio (aka Dj Hernandez) e pelo Fábio Braga (aka PSK), lá em 2007. Inicialmente seria um projeto de domingo no Bocanegra, na 402 sul, mas logo nos mudamos pro 2º Clichê, uma cachaçaria conhecida dos jornalistas em uma praça super inusitada que ficava na 107 norte, com apoio do Tomás Rodrigues, também conhecido como Raxa, que já tinha uma ligação com a música eletrônica. Na época não existiam muitos projetos com djs em bares, muito menos aos domingos, final de tarde, e logo o projeto caiu no gosto do público, pois também tínhamos um diferencial que era tocar outros estilo, não somente o eletrônico 4×4, mas também outros estilos que conversavam bem com a música eletrônica, como Trip Hop, Dub, Funky, Jazz, e rocks mais alternativos também.
TUNTISTUN: Com tanto tempo de história muitas coisas boas devem ter acontecido, quais foram os momentos mais marcantes do projeto?
Em 2009 criamos um projeto em um rooftop que tinha recém inaugurado na orla do lago, com vista pra ponte JK, chamado Triplex, onde começamos a desenvolver algo mais voltado pra pista, mais ainda com a proposta de ser sempre aos domingos no final de tarde. O clima começava sempre de leve e acabava virando pista de dança, e ali tivemos a oportunidade de criar algumas interações mais ousadas, colocando percussão com dj, algumas lives, e até o Bruno do antigo Natiruts fez um show com a gente por lá. Foi bem divertido essa época.
Dali começamos a ser chamados pra tocar e fazer parcerias em diversos locais e festas. Fizemos um baile de carnaval eletrônico no Bendito Suco da orla, abrimos o palco principal do Celebrar Brasília, evento que aconteceu na Esplanada dos Ministérios, ao lado do Museu da República, com Gotan Project. Em 2012 fomos convidados pela Ossos do Ofício, da Marta Carvalho, para criar a programação do Palco do Satélite 061 que iria acontecer também ao lado do Museu. Esse evento marcou bastante pra gente, tanto pela quantidade de público quanto pela responsa de criar toda programação e ter a nossa marca como nome do palco. Outras participações do Temprano que gostamos de lembrar aconteceram em eventos que curtimos muito, como a antiga festa Melissa, a Makossa, onde tivemos uma pista exclusiva do Temprano, além de participações no Picnik, Criolina, Antibloco do 5uinto, Carnaval do Balaio, e a criação do Temprano Club, projeto que criamos para o Poizé Beira lago, que criou um dos primeiros clubs com um super sistema de iluminação, tipo um D.Edge em Brasília.
TUNTISTUN: E agora vocês estão organizando os domingos no Infinu, como tem sido a luta de tocar um projeto com distanciamento social na pandemia?
Não tem sido fácil, pra ninguém eu diria, então estamos aprendendo a nos virar da forma como dá. No início foi muito difícil porque tanto os djs não estavam se sentindo confortáveis de tocar, quanto o público de sair de casa, então criamos um sistema meio híbrido, onde tinha live e ao mesmo tempo o dj tocava no mezanino da casa, virado para a entrada, onde não tinha contato com o público e podia pelo menos ver quem entrava pra consumir alguma coisa no caixa. Aos poucos, bem aos poucos, as coisas foram ficando um pouco mais tranquilas e daí resolvemos colocar os DJs na praça, colado na banca que tem lá. A partir desse ponto os djs começaram a interagir mais com o público e a coisa mudou bastante.
TUNTISTUN: E o que vocês estão imaginando para o cenário dos eventos na cidade, quais são as perspectivas do retorno dos eventos presenciais? Quando liberarem os eventos vai ter evento dentro do Infinu?
Acredito que ainda vai demorar um pouco pra voltar ao que era, e quando voltar, acho que vamos ter algo mais espaçado, digamos assim, menos aglomerações por um tempo, e priorizando espaços abertos. As experiências em lugares fechados vão ser mais especiais, intimistas. No Infinu já estão acontecendo algumas apresentações, pequenos shows, com lugar marcado e para poucas pessoas, e tem sido uma boa experiência, pois as pessoas se sentem mais seguras e conseguem sair um pouco de casa para fazer algo que não fizeram por mais de um ano, por exemplo. Mas é difícil conseguir imaginar uma pista de dança ainda, confesso.
TUNTISTUN: E o que o Temprano espera passar de mensagem e conteúdo dentro do cenário atual que vivemos?
Resiliência, se adaptar ao momento e não ficar lutando contra isso, temos que fazer o que podemos, com respeito às diferenças, inclusive de entendimento quanto às limitações de cada um. Tem muito DJ que ainda não se sente à vontade para tocar, amigos que não querem se expor, e o público geral que é diverso, e que muitas vezes não sabemos quem são e que temos que aprender a lidar.