Evah conta sua história na música eletrônica

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Evah é uma artista multifacetada que já foi vocalista de banda de Rock, produtora artística, produtora audiovisual e co-produtora de eventos.
Atualmente é idealizadora do projeto “Jardim do Grave” na Twitch, faz parte do canal Uh!Manas.TV, compõe o coletivo Hangover, sendo também produtora do programa “Hangover Convida” e por fim, é Dj oficial do canal Nave de Quebrada.

[TUNTISTUN] Oi Evah, tudo bem? É uma alegria fazer essa entrevista com você que é uma das novas caras do house da cidade, vamos falar um pouco da sua história? Conta um pouco de você, onde nasceu e tal, conta pra gente como foi sua juventude? 

[EVAH] Primeiramente, é um prazer enormeeeee estar fazendo essa entrevista com vocês, já era algo bem almejado por mim fazer uma entrevista com o portal de vocês, acho importantíssimo o que fazem pela cena underground brasiliense, fora a abertura de espaço para novos artistas que estão surgindo! Bom vamos lá, sou brasiliense, mas com um pé no Pará, minha família materna é toda de lá e também nasci em Belém, contudo vivi minha vida toda praticamente nesse quadradinho aqui, mas as raízes nortistas são bem fortes por conta da família e um número enorme de amigos que eu tenho. Cresci em um meio não tão musical, minha mãe é veterinária, porém ela é extremamente musical, sempre quis que eu aprendesse violão, mas aí foi meio sem sucesso, a única coisa que aprendi a tocar como instrumento foi o Ukulele, rs. Mas, minhas mãe sempre foi daquela que dirige com som alto, dia de domingo colocava o som para lavar o carro e eu lembro que quando não era Janis Joplin, Pink Floyd ou Cazuza, ela colocava Summer Eletro Hit’s, hahaha, minha mãe trouxe esse espírito festivo e musical para mim, mas aí eu fui total pro lado de viver disso mesmo, tive banda de rock na adolescência, trabalhei como produtora de eventos, até auxiliando na carreira de artistas do sertanejo e eu acho isso incrível porque me levou a conhecer e aprender sobre outras cenas do mercado do entretenimento brasiliense. Sou fotógrafa e videomaker de shows há 6 anos e vivi muita coisa incrível nas noites, aprendi muita coisa com muita gente inteligente e de outro mundo e foi trampando nesse meio que percebi na real que meu sonho era estar do outro lado. Eu sempre fazia as playlists das festas de amigos, então meio que percebi que o sonho de atuar na discotecagem era algo que vinha de alguns anos. 

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[TUNTISTUN] E qual a importância da música na sua adolescência e formação como pessoa?

DE UM TUDOOO!! A música é extremamente importante na minha vida, eu digo que sou extremamente musical, pra tudo nessa vida eu tenho trilha sonora, ouço música quando to na bad, quando to com raiva, quando to feliz, apaixonada, desiludida, tem música pra tudo, tenho umas 40 playlist’s, das mais variadas no spotify, de “bad vibes” até “músicas para alegrar o dia” kkkkk. Já percebi que a música eletrônica pra mim, principalmente, é como se fosse um remédio, de fato um remédio, algo que cura e que muitas vezes se torna viciante. Me libera um gás anormal, a música faz parte do meu cotidiano. Meus amigos chamam a minha casa de after, porque toda vez que eles me visitam eu sempre tô ouvindo alguma coisa,kkk, pode ser enjoativo, mas graças ao universo eu tenho pessoas no meu ciclo que respeitam demais e entram na onda super comigo, me apoiando e mesmo que elas nao aguentem mais aquele “TUNTISTUNTIS” diário, elas tão ali, se movimentando ou apreciando de alguma forma comigo. Minha energia, o que faz o meu sangue circular nas minhas veias é realmente ligar o som e tá ouvindo aquele som do KICK latente, um riff de guitarra, um solo de sax ou até um ritmo batidão de funk, porque na real, eu acho que todo tipo de música tem algo pra acrescentar, tem uma informação pra trazer, uma cultura pra apresentar, então mesmo que você não se adapte a um som, não necessariamente precise dizer que aquele som é ruim, mas pra alguém aquele som quer dizer muita coisa, música é música, e ela deve ser apreciada independente de qualquer coisa. 

[TUNTISTUN] Quando e como você descobriu a música eletrônica?

Então, como eu disse, eu ouvia muito mamãe tocando summer eletrohits, galera geração Z talvez nem saiba o que é, e eu digo pra vocês, vumbora ouvir um Gigi d’agostino porque é bom demaiss!! Mas claro, isso foi só uma base, conheci mesmo a música eletrônica em meados de 2012, época que o EDM tava nas alturas, que o sucesso da época era “In my mind” remix do Axwell, trilha sonora principal da Tomorrowland de 2012 e eu tinha um namorado na época que tava no ínicio da vida de Dj (e ele talvez vai até descobrir agora que foi uma das minhas grandes influências) que ele amava muito house music e sempre me levava pra esse mundo, ele me levou na na minha primeira festa eletrônica na época, chamada “Circuito Let’s Burn”, lembro até hoje dos djs que mais me marcaram no dia, e então eu fui me encantando cada vez mais, só que depois de anos que fui realmente iniciar o projeto de querer ser dj, além de um pouco de tempo depois que conheci a cena underground, o som, e fui me apaixonando mais ainda, fui vendo que era mais a minha cara, que mexia mais comigo, que me deixava mais à vontade, mais em casa!

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[TUNTISTUN] E quando se apaixonou pelo House underground?

Então, antes de iniciar meu projeto na cena underground, minha pesquisa era voltada para um lado mais mainstream, mas acredito que isso aconteça com basicamente a maioria dos djs, até você conhecer outras cabeças que vão te apresentar experiências diferentes. Quando entrei pra Hangover, meu som era era bastante comercial, e aí meu amigo, influenciador e meu professor, se podemos dizer assim, Dj Turambar foi me apresentando vários artistas e me mostrando que eu podia me dedicar cada vez mais pra esse som. A Dj Moranga também foi extremamente importante nesse processo, ela me apresentou um dos melhores sons e eventos que eu pude conhecer desse meio e aí com os conselhos e auxilio deles, fui me aprofundando cada vez mais na pesquisa, percebendo que de fato era aquele som que eu gostava de tocar. Assistindo a Boiler rooms, conhecendo a história da house music, estudando como ela foi criada, como foi a cabeça da galera por de trás disso. Não vou falar que não toco algo um pouco mais comercial, sempre tem um Bob Sinclar no meio dos meus set’s e que pra muitos é considerado comercial. Eu realmente acho que sons bons precisam ser valorizados, a minha intenção é sempre mostrar que o “novo” é bom, mas que você precisa também ouvir o som lá dos anos 80 porquê ele parece algo atemporal, tento trazer aquela sensação de nostalgia, com grooves dançantes, que realmente te façam sentir e mexer na pista de alguma forma. 

[TUNTISTUN] E quando você decidiu ser Dj? Como foi esse caminho? 

Depois de anos admirando música eletrônica e querendo ser Dj, tive a coragem de pedir para um amigo me ensinar, um Dj e produtor excelente daqui de Brasília, chamado Dj Cadu Dornelles, hoje ele é dj de eventos sociais, mas ja tocou muito DnB na época que tava no auge, uma pessoa extremamente inteligente e cheia de talentos e eu não podia querer alguém melhor pra me iniciar nos projetos e ele foi la me orientando bastante, me dando os primeiros toque da controladora. Logo após eu fui tocando em festinhas pra amigos e eles sempre falavam muito o quanto meu som era bom e o quanto eles me viam apaixonada pelo o que eu estava fazendo.

Meu marido chegou em mim e foi uma das primeiras pessoas a me dar esse suporte e acreditar no meu sonho, ele foi uma peça fundamental para me dar confiança, pois ele também tem como sonho e paixão a música, então ele entende bastante como funciona esse processo, foi com esse suporte, essa rede de apoio que coloquei meu projeto em prática, e aí conheci a Hangover, que praticamente foi uma família que me abrigou né, Turambar, Rob-z e Moranga me veio com o quadro, papel e caneta pra anotar tudo, acreditando também no meu projeto e graças a eles também, tenho conquistado muitas coisas, conquistado meu espaço e cada vez me encontrado mais na música. 

[TUNTISTUN] Quais foram suas primeiras festas e Djs que te abriram os olhos?

As primeiras festas que toquei, foi uma festa em um hookah,kkkk, depois de um dj de funk, eu jurei que ia levar garrafada aquele dia, mas a galera curtiu, por mais que eu tivesse tocado um som diferente, tive uma boa resposta da galera até, mas meu som foi se tornando algo que eu percebi que não seria em todo rolê que ele seria “aceito”. Veio pandemia, fiquei fazendo bastante live e depois comecei de fato a tocar em eventos para outros públicos que não fossem meus amigos, hahaha, toquei na 7 on clock, projeto que aconteceu no estúdio da DotMag, gerou uma resposta bem positiva da galera, depois veio a Underground Sunset e assim por diante. Se for falar de Djs próximos a mim, são claramente os dj’s que citei anteriormente, me abriram demais os olhos e me ajudaram super na minha curadoria musical, me ajudaram muito no meu desenvolvimento profissional. 

[TUNTISTUN] Você além de fazer parte do Hangover tem o Jardim do Grave, o Nave de Quebrada e do canal Uh!Manas.TV, conta pra gente um pouco desses projetos?

Bom, Hangover é o coletivo que faço parte, um projeto lindo e incrível de djs, djanes, produtores, fotógrafos, que se ajudam, se dão suporte e estão com o objetivo de levar um som fod4 para o público que aprecia música eletrônica. Jardim do Grave é o meu filhote, to trabalhando nesse projeto, que iniciou como live na Twitch e ai veio para o público no final do ano passado e a meta primordial é ter boa parte do line up composto por mulher, se não formado totalmente por mulheres dependendo da versão dele, é mulheres que tenham muito grave no som pra proporcionar, o motivo disso é a dificuldade que percebo da entrada e aceitação da mulher no meio da discotecagem, nem falo isso tanto pelo meio underground, a cena comercial é bem mais evidente isso, a gente vê flyer com 5,6 (ou até 25 kkkkk) cara e nenhuma mina, e eu tenho certeza que não é por falta de opção e sim falta de reconhecimento e visibilidade e isso me machuca muito, porquê a gente tem muita mina boa como dj por aí que não é valorizada, que não tem a oportunidade de ser colocada em um line up, então quero mostrar que a gente também sabe fazer som, que a gente também sabe fazer festa, que não precisa ter competição, mas que precisa ter reconhecimento!!!

A gente tem aí hoje no Techno, as mina tão destruindo, temos grandes nomes no Techno atualmente, ANNA, Deborah de Luca, Charlotte, e elas estão sendo reconhecidas por isso, então quero propor isso no house, trazer nomes conhecidos e também trazer pessoas que nunca tiveram oportunidade mostrar seu som. O programa “Jardim do Grave” era transmitido pelo canal Uh!Manas.TV, que é um coletivo formado só por minas do Brasil todo e foi por ele também que tive essa influência pra criar o Jardim do Grave, o espaço que a Uh! Manas deu foi muito importante pra minha carreira e pra mim pessoalmente.

Faço parte também do movimento “Nave de Quebrada”, uma equipe que tem como conceito original reunir pessoas com uma paixão por carros modificados, contudo o conceito seria relacionado a realização do sonho de pessoas que moram em regiões periféricas,(dita popularmente como “quebrada”) e que tem vontade de ter carros modificados, porque é algo que é vivido culturalmente naquela região, e por ter morado e crescido com essas pessoas, tive essas vivências que fazem parte da minha história de vida. O Nave de Quebrada é idealizado por um grande amigo que também já foi DJ e me inspirou em muitas curadorias e conselhos profissionais! @oficialduducarvalho! O grupo tem canal no YouTube (@navedequebrada) produz festas e organiza reuniões ativas.

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[TUNTISTUN] Diz para gente 5 músicas que te marcaram no início da sua descoberta da música eletrônica?

Eu teria umas mil pra colocar aqui, mas vou falar as que me vem primeiramente na cabeça, se tornando as mais importantes. Vou falar umas muito clichês mesmo, haha! são aquelas que me marcaram na descoberta: 

1- Ivan Gough & Feenixpawl ft. Georgi Kay – In My Mind (Axwell Mix) 

2- Sandro Silva & Quintino – Epic 

3 – KeeMo feat. Cosmo Klein – Beautiful Lie 

4 – Avicii – Levels 

5 -Gigi d’agostino – I’l Fly With You (Original) (essa eu não posso esquecer, porque faz parte da minha infância, hahah) 

[TUNTISTUN] Você sendo da nova geração apostou em um som mais pro house, o que te anima em buscar tocar house na cidade?

Não sei se estou com a impressão de que o house que é consumido em Brasília hoje é um outro tipo, mas não me desanima, porque como eu disse, House Music é atemporal, independente do momento ou da subvertente, sempre vai ter alguém fritando os neurônios e mexendo o corpo conforme as batidas do house, independente de qual for a vertente que você é fã, o House Music foi o inicio, ele sempre tá tocando em algum lugar, seja em rádio, filme, novela, internet, comercial de loja de roupa, sempre tem um houzesão pra gente ouvir, a batida pra mim é algo surreal, que realmente mexe com meu ser, então não tem nada que me anime mais do que tocar algo que mexe comigo e que eu percebo que mexe diretamente com o corpo, emoção de outras pessoas.

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[TUNTISTUN] Quais Djs da cidade você acha que merecem a nossa atenção?

Sou suspeita a falar, mas realmente, são Dj’s que acho incríveis quando tocam em uma controladora/CDJ. Turambar, Moranga (essa ta arrasando de uma forma inexplicável), Barbie Melo (nem preciso dizer muita coisa né? vai agora ouvir um set dessa mina, é de outro mundo), Rob-z, Bunny, Gui exe, Growth Movement, Martwins, todos da Hangover haha. Outros Djs brasilienses que admiro, Kallak, Sadra, BlackJack, São muitos pra falar e também to com medo de alguém ficar chateado por eu não lembrar,acho o som dessa galera muito bom, sendo ele under ou comercial, são pessoas que eu vi que no momento em que tocam, tocam com muito amor, então isso pra mim já basta. 

[TUNTISTUN] Fala um pouco das suas influências musicais, o que você busca no seu som?

Minhas influências são extremamente musicas e instrumentais, por mais que eu não toque quase nenhum instrumento eu sempre viajei muito em um solo de guitarra tipo November Rain e pirava na sintonia de Nocturne op 9 de Chopin. Então eu sempre trago som bem groovados, com um baixo bem evidente, solos de sax, de piano, vocais intensos, aqueles que da vontade de soltar a voz junto ou viajar na forma como o cantor se expressa em meio a sua canção. Sempre tenho a intenção de trazer algum som que o ouvinte fale assim : “não consigo parar de pensar em tal música” ou “o toque daquela música fica na cabeça” ou até “não to achando essa no shazam, qual é?”kkkkk, brincadeiras a parte, e sempre isso que tento trazer nos meus set’s, viagens em meio as melodias, harmonias, nostalgia e dançar muitooooooo até as pernas não aguentarem mais. 

[TUNTISTUN] Pode indicar 5 músicas mais recentes que você tem curtido?

São 5 músicas que quase não saem mais dos meus atuais set’s:

1 – The Boss – Congo 

2 – Feel for you – Bob Sinclar 

3 – Dennis Ferrer – Hey Hey Hey 

4 – On My Mind – Purple Disco Machine 

5 – Mark Knight – Your Love

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DJ Oblongui

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