Marcus Santz: Muita História para contar
Oi Marcus Santz tudo bem? É um prazer fazer essa entrevista com você que é um dos DJs old school que continua na ativa, vamos falar um pouco disso tudo?
Opa, tudo ótimo! Muito obrigado pelo espaço e o convite de fazer parte da grade de entrevistas do TUNTISTUN.
Nossa cidade precisa de um canal pra valorizar mais e mais artistas da nossa cena, e aprofundar mais sobre a nossa noite (seja ela underground ou mainstream) muito contente realmente de tá aqui, falando um pouco da minha história.
Bem, em quase 24 anos discotecando e em inúmeras festas de inúmeros gêneros, vi a evolução ano a ano do meio “DJ”.
Acho que o ponto de tá na “ativa” até hoje, é o amor a música (no meu caso, o House). Apesar de sempre levar o meu lado “raiz”, vi que as inovações e os ciclos musicais inicia, acaba e renasce. Mas acho que é tudo a mesma coisa, old school ou new school.
A energia do old school está sempre voltando e renascendo em uma nova forma e se implanta necessariamente. É por isso que amo a música eletrônica — está em circulação / atividade em mais de duas décadas.
Os ciclos tem a capacidade de se reconstruir por conta própria e extrair força de si mesmo.
Vamos falar um pouco do início, conta um pouco de você, onde nasceu e tal, conta pra gente como foi sua juventude?
Bom, sou natural de Brasília… morei e me criei no Setor M Norte (Taguatinga Norte), minha infância sempre foi tá rodeado de amigos, brincadeiras “old school” como: pique pega, bet, enfica, bolinha de gude e golzin. Vendi muito jornal (Correio Braziliense) aos domingos passando de rua em rua, gritando: “olha aeee o correiooo”.
Acho que a questão de vender jornal, me ajudou em ser “desinibido”. Meu convívio com pessoas de onde morei, me ensinou a ser um homem cortes, ter uma boa relação com os vizinhos que passei, lá só tenho boas amizades que guardo até hoje. Amo até hoje Volêi onde jogava apostado nas ruas e quadras no Bernardo Sayão (mas parei, tô ficando “vei” … kkkkkk).
Domingo era o dia da nossa família ir a noite na extinta sorveteria Cogumelos, nosso programa aos fins de semana. Era uma festa dentro do carro dos nossos Pais com os irmãos reunidos.
E qual a importância da música na sua adolescência e formação como pessoa?
Acho que o único a ter mais identificação na família com música, fui eu… aos 8,9 e 10 anos eu via meu Pai num Corcel GT 1 azul, ligando o som num Roadstar onde eu me fascinava com as cores e o som que ele tocava. Mas confesso que o meu irmão mais velho, Jean Charlles, teve uma importante influência em ouvir “musica”.
Meu irmão quando recebia o pagamento, uma parte era música: LPs como Kraftwerk (Tour de France e Eletric Cafe) Tony Loc, Whodini, ClubNoveau, The Beastie Boys, Depeche Mode, Pet Shop Boys e outros mais. Escutei muito rádio! Um dos programas era o MIX MANIA aos Sábados “uma da tarde” do saudoso CELSÃO… e na madrugada de sábado, ouvi bastante o 105 Rotações por Minuto com ELYVIO BLOWER.
Quando e como você descobriu a música eletrônica?
Acho que muitos DJs hoje em atividade tiveram a “descoberta e inserção” na música eletrônica como eu. MATINÊS por toda Brasília.
London Country (Elísio Romero), London London (Romar), New Age (Italo Marques), Opus 4 (Elyvio Blower), Koruns (Missinho), Castelo’s (Adelson), Vogue (Raul) dentre outras eram as minhas “rotas” nos domingos e fim de semana (rotas = gíria falada hoje em dia – ROLÊS).
Lembro como se fosse hoje, ouvir Bizarre Inc – Frenzy e Device – What Is Sadness, a paixão foi arrebatadora. E neste tempo, eu adquiria inúmeras fitas cassetes (as famosas UXs da Sony), com Claúdio Lopes. Pegava TUDO DE NOVO que chegava, mas em fitas K7s.
Após, tive um convívio e vivência muito próximo na DM Records (Conic). Me inseri na loja meio que um “faz tudo”, e com aqueles pequenos favores e gestos com o aval do Missinho, fiz o meu curso com Xocolaty e Marcelo Case. Não era fácil pegar ônibus, e o “único” que ia pra rodoviária DIRETO era o 322. Mal tinha dinheiro pra pagar a passagem, quanto menos um lanche (Trio Viçosa).
E logo que você gostou da música decidiu ser DJ? Como foi esse caminho?
Sim… a questão acima das fitas UXs me cobrava que eu não agitaria muito as festas por resto da vida. Por mais que a tecnologia lá atrás estava engatinhando, eu sempre pensava em ter mais e mais material. E via que a “fita k7” era só uma maneira de apenas ESCUTAR MÚSICAS NOVAS (nada mais que isso) … não dava pra ficar pro resto da vida pegando um AKAI E UM SHARP e freando e soltando o pause com as fitas, “mixando”.
Após o curso na DM Records, fiquei alguns anos desempregado… não foi fácil, muitos anos de perrengues, apertos e dificuldades. Mas logo quando voltei, tive uma convivência grande com Luís Mãos de Fada (Dancidade – Rádio Cidade). Foi ali que o dia a dia indo com ele nos programas, o “sensor aranha” retornava do tipo: Marcus, venha pra luz / música!
Quais foram suas primeiras festas e Djs que te abriram os olhos?
Elyvio Blower (105 Rotações por Minuto, Domingo Super Contagiante e o Top Dance).
Na outra estação do “Dayol” (rádio), foi Luís Mãos de Fada (Dancidade). E lá atrás, no tempo das matinês, hoje meu amigo Romar (Clube do Exército, Planeta Rock, Aerobar e London London).
Mas internacionalmente, gostava muito de como Erik Morillo (R.I.P) e Roger Sanchez, Oscar G levam uma pista com maestria e todos tem uma técnica surpreendente.
Diz para gente 5 músicas que te marcaram no início da sua descoberta da música eletrônica?
Cara, essas músicas até hoje eu piro e me emociono quando escuto:
* Bizarre Inc – Frenzy (1991)
* Device – What Is Sadness (1990)
* Sound Factory – Understand This Groove (1992)
* Connie – Funky Little Beat (1995)
* Jaydee – Plastic Dreams (1992 – na minha “humilde opinião”, a melhor música de todos os tempos).
Você é um cara que também explora outras possibilidades de receita como DJ, que é tocar em bares/restaurantes. Esse é um mercado interessante que vem crescendo?
Bom, sim… essa é uma tendência europeia a presença de um DJ em um restaurante e bares… o Brasil pegou a ideia do badalado CAFÉ MAMBO, onde existe até hoje com vários “big names” no line. As vezes as pessoas querem ouvir um bom House, mas não é necessário exatamente “ficar em pé dançando”. Hoje toco de 5 a 6 horas (long / extended sets) e as pessoas ficam lá, exatamente ouvindo a sua progressão no set… SENTADAS!
Claro que eu como DJ, é extasiante ver uma pista fervendo com o som que você entrega (sem hipocrisia), mas também estamos vivendo um tempo que nem TODO MUNDO gosta…
Também toco em eventos corporativos e promocionais, querendo ou não, eles me abrem ótimas portas e é sempre bom e gratificante ser acionado nestes nichos.
Fala um pouco das suas influências musicais, o que você busca no seu som?
Hoje eu exploro mais tocar um som bem mais aberto, mas enfatizo muito House, Soulful, Jackin, Nu Disco, Afro House que tá em alta e cai bem em sunset’s e o Progressive (o novo e os de anos passados, da leva de 10 à 12 anos atrás) … e muitos, mas muitos “clássicos”.
Pode indicar 5 músicas mais recentes que você tem curtido?
Olha, meio difícil eu falar de música atual que eu venho curtindo… eu só tenho e toco realmente o que eu GOSTO!
Mas vou deixar aqui uma turma que vem me fazendo tocar as produções “deles” muito em meus set’s:
MIJANGOS
EMANUELE ESPOSITO
JULIAN NATES
CASSIMM
BOB SINCLAR
Instagram do Marcus Santz: https://www.instagram.com/marcussantz/