Por: Rodrigo Airaf
Desde que iniciou na discotecagem em 2014, Natalia Zaneti sempre demonstrou sede por desenvolvimento e conhecimento. Curiosa e inventiva em suas apresentações, a DJ e produtora mineira não economizou os ouvidos na busca pelo que a inspira, desde trilhas sonoras de filmes a viagens para capitais da dance music como Berlim.
Com a bagagem de piano e violino nas costas, com razão acabou sendo fisgada pelo poder melódico do techno. Seu recente EP de estreia como produtora musical, “Dagur/Nott“, lançado pelo selo Real Supernova, reforça seu apelo artístico em torno de progressões melódicas épicas misturadas aos elementos hipnóticos do gênero.
Decidimos conversar com a artista para entender melhor sobre sua jornada na dance music.
Tuntistun: Oi, Natalia, tudo bem? Prazer falar contigo. Vamos começar estabelecendo a sua base na música eletrônica. Como você veio a se apaixonar pelos beats da dance music?
Natália Zaneti: Olá, estou ótima!! O prazer é meu de falar com vocês e agradeço pela oportunidade!!
A dance music me acompanha desde a infância, escutava pelo rádio na década de 90, porque a minha cidade de minas é pequena e não tinha muitos recursos, até a rádio que escutava era da cidade vizinha hahaha. Depois comecei a ir em baladas, gostava de dançar, mas não entendia nada do tipo de música em si. Foi depois que comecei a escutar outros tipos de música eletrônica que comecei a me interessar mais, como o eletrohouse, house, até trance e depois o techno.
Tuntistun: Tem gente que acha que dance music é, no máximo, um hobby. Ao mesmo tempo, os primeiros momentos de uma carreira de DJ são voláteis, muitas vezes as oportunidades vêm aos poucos. A sua família e seus amigos compreenderam você, no começo, com sua decisão pela carreira de DJ?
Na verdade, não. Minha família sempre foi preocupada com carreira em corporação e etc., então, no começo, eles achavam que eu estava perdendo tempo e dinheiro. Já meus amigos acharam legal, mas que também seria mais um hobby. O que mudou o conceito deles foi me ver me dedicando em todas as horas livres que tenho para esse projeto, investimento feito em equipamento e cursos… daí eles perceberam que não seria uma atividade passageira.
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Tuntistun: Você se mudou para São Paulo e, em algum momento, também passeou por Berlim, cidades muito conhecidas por suas noites vibrantes. Quais aspectos dessas duas cenas você achou especialmente interessantes?
Para mim, o que as duas cidades têm em comum é você conseguir escolher o tipo de festa que você quer ir, que pode ser desde eletrônico, até hard rock. Além disso, o fato de as pessoas estarem no clube pela música em si, é outro fato que eu gosto muito, deixa qualquer um à vontade para aproveitar ao máximo o que o clube tem a oferecer.
Tuntistun: Ficamos curiosos pra saber de você 5 músicas específicas que te marcaram definitivamente, e que até mesmo possam ter te motivado a produzir também…
Natália Zaneti: Nossa, são muitas as músicas que me marcaram e que me motivaram a produzir, sejam antigas ou novas, do rock à música clássica… posso dizer que 5 delas são: Sonata ao Luar (Beethoven), Under pressure (Queen/David Bowie), August’s Rhapsody (Mark Mancina), For Every Forever (Mathame), Be there (Kasablanca).
Tuntistun: Atualmente muito bem estabelecida em sua profissão, como você enxerga a cena brasileira atualmente? Qual o seu roteiro noturno predileto?
Vejo uma mudança positiva na cena brasileira, principalmente com relação à aceitação dos estilos musicais e as suas variações dentro do set de um artista. Falando um pouco do techno melódico, também percebo uma popularização. Há alguns poucos anos, existia um público muito mais nichado para esse tipo de música, além de clubes e festas específicas. Hoje, artistas considerados “mainstream” produzem melódico, além de tocarem em qualquer tipo de festa.
Tuntistun: Cada artista tem sua própria forma de trabalhar e buscar inspirações. Para uns, pode ser uma caminhada no parque, totalmente longe de música. Para outros é o oposto, significa se colocar diante de estímulos sonoros nunca antes experimentados. O que te inspira geralmente?
O que mais me inspira ultimamente é colocar minha playlist de trilha sonora para tocar e correr pela cidade/academia e dirigir na estrada escutando um set de algum artista desconhecido. Meditar também me ajuda bastante, principalmente a limpar a cabeça depois de um dia cansativo de trabalho.
Tuntistun: Curtimos que “Dagur/Nott” tem toda uma história, bebendo da fonte da mitologia nórdica e trazendo essa expressão musicalmente. Pretende seguir neste caminho conceitual nos próximos trabalhos?
Natália Zaneti: Com certeza! Para cada novo projeto, quero levar um pouco das influências que recebi durante as minhas experiências de vida. Conseguir expressar cada uma delas na música será um sonho realizado.
Tuntistun: O que podemos esperar do seu ano de 2022? Mais projetos, músicas e novidades vêm aí?
Natália Zaneti: 2022 será um ano de bastante novidade. Meu foco será na produção e em um projeto que envolve mais 2 artistas da UAM, no qual já começamos a trabalhar e, em breve, anunciaremos. Além disso, espero que as gigs continuem nesse mesmo ritmo de retorno, para poder encontrar vocês na pista muitas vezes! 🙂