Slow: Conta sua história e influências

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A Slow é uma das Djs da nova geração mais citadas como destaque na cidade. Inteligente, pesquisadora musical e muito talentosa, Slow hoje ela abre seu coração para falar com a gente.

TUNTISTUN: SLOW, tudo bem? É uma alegria fazer essa entrevista com você que vem despontando na cidade como um grande talento, vamos falar um pouco da sua trajetória, beleza?

Oi Guilherme, tudo ótimo por aqui. A alegria é compartilhada. Agradeço o convite, estou lisonjeada em participar dessa entrevista pra Tuntistun 🙂 Vamo nessa!

TUNTISTUN: Vamos falar um pouco do início de tudo? Conte mais sobre você e como foi sua infância?

Minha infância foi muito boa. Nasci em Brasília em 1995 e tenho lembranças de escalar árvores com meus vizinhos, brincar bastante na rua, andar de skate, patins, bicicleta. Eu fui uma criança bem ativa e imaginativa. Passei praticamente minha infância toda fazendo curso de teatro, o que hoje em dia percebo que contribuiu bastante para a formação da minha identidade como artista.

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TUNTISTUN: E a música, você sempre teve uma relação com a música desde mais nova?

Desde que nasci, a música esteve presente. Seja nos anos iniciais de vida, quando minha mãe colocava músicas para ouvirmos, ou a medida em que fui crescendo e adquirindo gosto próprio pelo som.

Fazendo uma retrospectiva, percebo que a música foi (e é) trilha sonora de várias fases minhas. Já me apaixonei por diversos estilos musicais diferentes, como o pop, rock, hardcore, rap, trap, dubstep, vaporwave, funk, indie, reggae, mpb, samba, jazz, soul, world music, dentre outros.

Como produtora musical e DJ, a relação é mais recente.

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TUNTISTUN: O que você escutava antes de escutar música eletrônica?

Como mencionei, foram vários estilos ao longo da vida, mas uma fase que ficou bem marcada antes de conhecer a música eletrônica foi a do rock/indie. Rock progressivo, rock psicodélico, punk, heavy metal, metalcore, new wave, grunge, indie rock. Me aventurei bastante pelos solos psicodélicos hahaha.

TUNTISTUN: Quando descobriu a música eletrônica?

Minhas lembranças mais antigas foram através da rádio e da aquisição dos cds da coleção Summer Eletrohits, em meados de 2005, aos 10 anos de idade. Mais tarde, já na adolescência, passei a conhecer estilos como EDM e Dubstep, e na época lembro de gostar bastante, frequentando alguns shows e festas que tocavam esse estilo.

Meu primeiro contato com a rave propriamente dita foi através do psytrance, em meados de 2015. Lembro que foi paixão à primeira vista, e até hoje gosto bastante! Após conhecer o psytrance, abriram-se portas para conhecer as raves de house/techno, um pouco mais tarde, em 2017.  

TUNTISTUN: Quais foram suas primeiras festas e DJs que te abriram os olhos?

Inicialmente, foram DJs de funk e outros estilos como CAJUANA, Athena e Tyrone. Me impressionou muito a malemolência des DJs em conduzir a noite e transformar a atmosfera do ambiente, tornando tudo uma grande celebração a vida.

Posteriormente, já na música eletrônica, as festas da SNM, SUJO, Confronto Soundsystem, Limbo e Baladas em Tempo de Crise me trouxeram uma perspectiva engrandecedora sobre som de qualidade, liberdade e diversidade, e desde então passei a me envolver ativamente no meio eletrônico.

Falando de DJs locais, DATA ASSAULT, Malu, CXXJU, ANRMS, EPIA72d, El Roquer, Preta e Ahmed são DJs que me influenciaram bastante.

Do pessoal de fora,  artistas como Tim Tama, Kevin Wesp, Schwefelgelb, Anthony Rother, Yaeji, Anetha e Daft Punk foram muito marcantes.

Além destes, um DJ que me marcou muito é o Goa Gil, sendo uma grande inspiração para o meu trabalho na atualidade. Seu ritual (como são chamadas suas apresentações) com duração de 24h, me trouxe uma perspectiva diferente sobre o poder da música e a influência espiritual, psicológica, social e física que ela tem nas pessoas.

TUNTISTUN: E logo que você gostou da música decidiu ser DJ? Como foi esse caminho?

Não. Na adolescência, quando frequentava festas de funk, me veio a ideia de montar um projeto de DJ em conjunto com uma amiga. Na época parecia um sonho muito distante, não sabia nem por onde começar, então foi algo que ficou em standby.

Tempos se passaram e após me envolver na música eletrônica, participei de um concurso da SINTRA em 2018 que me possibilitou fazer um curso de formação em DJing na DJ School aqui em Brasília, o que me abriu diversas portas. Sou eternamente grata a essa oportunidade e a escola. Atualmente, também estou me aventurando pela produção musical e tem sido maravilhoso.

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TUNTISTUN: Diz para gente 5 músicas que te marcaram no início da sua descoberta na música eletrônica?

Daft Punk – Around the world

Blue Foundation – Eyes On Fire (Zeds Dead Remix)

Guru Josh Project – Infinity

Tim Tama – Mirage

Anthony Rother – 3L3C7RO Commando

TUNTISTUN: Conta um pouco da história do surgimento do coletivo BRUTA, como foi o início de tudo? Quem toca esse rolê com você?

A BRUTA nasceu de um sonho conjunto meu, da Hainy (ARMENIA), Cici Guedes (DEMETRIA) e Ale (Alix Sosa). Começamos a construir o coletivo em 2019, e em 8 de março de 2020 ele nasceu, praticamente junto com a pandemia.

A ideia inicial era contribuir para a comunidade da música eletrônica brasiliense e nacional com diversidade sonora e de gênero, construindo um ambiente acolhedor e plural para pessoas que assim como nós não tinham um espaço para se expressar com liberdade. Também queriamos fortalecer a produção de música eletrônica brasiliense autoral, que conta com excelentes produtores. E assim permanece até os dias atuais.

O coletivo conta com duas frentes principais: nosso selo, contando com lançamentos exclusivos e com o trabalho excepcional de masterização do Beep Dee (César Werlon), e nossa rádio no soundcloud, com mixes de convidados nacionais e internacionais.

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TUNTISTUN: Como você vê a função do (a) DJ? É (ou deveria ser) mais ampla que apenas a atuação na pista?

Para mim, música tem a ver com transformação. É o poder de trazer a imaginação e o lúdico para o campo do concreto, do real. Ao escutarmos música, ela nos atravessa, despertando memórias dessa vida e também de nossos antepassados, evocando emoções e sentimentos distintos e muitas vezes inexplicáveis. Através da música, é possível invocar insights profundos, que despertam mudanças reais no âmbito individual e coletivo.

Pensando nisso, acredito que o DJ tem, antes de tudo, uma função de muita responsabilidade. É um trabalho que exige muita pesquisa, sensibilidade e habilidade para tocar cada ouvinte de uma forma a agregar valor. Considero o DJ como um canal/instrumento de amplificação de mensagens que só a fala não contempla.

Sobre sua atuação para além da pista, acredito que principalmente nos dias atuais, com a pandemia, isso se subverteu. Com a impossibilidade de realização das festas presenciais, nossa profissão está tendo que se reinventar no meio online, promovendo a disseminação da música, das novidades da área e pautas importantes para as pessoas dentro de casa mesmo.

TUNTISTUN: Tem algum(a) Djs da nova geração que você acha que merece a nossa atenção?

Vários! ARMENIA, DEMETRIA, Alix Sosa, FAA, Rassan, Truecall, Allan Blue, giograng, Drendiela, Palma Dulce, Madamy, Kurup, Teenangel, Ayla, ANRMS, CXXJU, Preta, Moranga, Zubiro, enfim, muita gente talentosa e inspiradora.

TUNTISTUN: Fala um pouco das suas influências mais recentes, o que merece destaque?

Da música eletrônica nacional: Badsista, Beep Dee, Teenangel, Tyrone, Rassan, DATA ASSAULT, NARA VAEZ, ACAPTCHA, Perreli, Xiao Quan, RHR.

Da música eletrônica Internacional: Goa Gil, Julian Muller, Hadone, DJ IBON, Courtesy, Mama Snake, High Future, Sugar, EOD, VOLRUPTUS, Almaty, Schacke, TRANCEMAN2000, Gijensu, Tonni 3000, Mr. Free, third wife, dj genderfluid, Moma Ready, Acemo, Tim Reaper, The Burrel Connection, Sansibar, Dold, Manifesto, LMajor, Interplanetary Criminal, Denham Audio, Placid One, Rune Bagge, Coco Bryce, Moodrich.

De outros estilos: Mateus Aleluia, Tincoãs, Alessandra Leão, Serena Assumpção, Jorge Ben Jor, Baden Powell, Vinicius de Moraes, Maria Bethânia, Luedji Luna, Mc Tha, Liniker, BNegão, Black Alien, Kali Uchis, Jorja Smith.

TUNTISTUN: E o que você curte além da música eletrônica, tem mais algum assunto que te apaixona?

Além da música e arte em geral, me interesso bastante pela Psicologia. Sou psicóloga de formação, atuo como psicóloga clínica. Para mim, a Psicologia influencia diretamente a minha atuação na música e vice e versa. Da forma que enxergo, ambas as áreas se complementam e me capacitam como pessoa e profissional.

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TUNTISTUN: Pode indicar 5 músicas mais recentes que você tem curtido?

Ovinix – Tudo, Muito, Agora (Lançamento esse mês pela https://bruta4200.bandcamp.com/ )

Static Structures – Deadly Serious

SLOW, Beep Dee – Ibeji

DJ Life – Glycol

Space Drum Meditation – Dance Of The Snake

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DJ Oblongui

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