SUKJEET conta sua história!

SUKJEET

Bárbara Bressan é conhecida como Sukjeet e é uma talentosa DJ e ativista da causa da diversão e do amor. Hoje ela é a nossa convidada para a entrevista.

[TUNTISTUN] Oi SUKJEET, tudo bem? É uma alegria fazer essa entrevista com você que é uma das pessoas mais queridas da cena, vamos falar um pouco da sua história?

Vamos lá! Obrigada pelo convite. Muito feliz de participar desse movimento de contar um pouco da minha trajetória na cena de Brasília, que tem tanta gente incrível e querida fazendo história na capital.

[TUNTISTUN] Vamos falar um pouco do início, conta um pouco de você, onde nasceu e tal, conta pra gente como foi sua infância?

Eu nasci em Brasília, em 1985. Tive uma infância muito legal. Morei minha infância na Octogonal e sempre fui muito brincante e dançante. Com 14 anos me mudei pro Sudoeste (na época o barroeste) e conheci amigos que até hoje fazem parte da minha vida. A gente atravessava o parque da cidade para ir no Sesc Garagem ver os shows de rock. Lá eu conheci o Komka, que alguns anos depois começou a fazer a Eletroconha na casa dele. Ninguém sabia, mas era o início do 5uinto.

sukjeet

[TUNTISTUN] Você sempre foi uma pessoa ligada à música desde cedo? Qual sua relação com a música na sua juventude?

Sim, com certeza. Música é tudo. Por um lado meu pai me ensinou a mexer em equipamentos de som desde cedo. Ele vivia instalando sons diferentes em casa e eu sempre ajudava ele. Mas ele e minha mãe ouviam muito pop/rock. Então minhas primeiras paixões musicais foram Madonna e Michael Jakson. Depois comecei a mergulhar no rock, comecei a ouvir mais rock´n´roll influenciada pelos amigos e um tio meu muito querido que ouvia Iron Maiden sempre que ia me pegar na escola.  Meus amigos me mostraram sons que eu me interessava mais e não sei quando exatamente ouvi algo que pudesse ser música eletrônica. Quando eu comecei a frequentar algumas festas de amigos na adolescência eu comecei a querer tocar também. Principalmente, depois que eu conheci o Komka na época da eletroconha, pois ele tinha os equipamentos na casa dele e me ensinou os fundamentos de tocar numa CDJ.

[TUNTISTUN] Quando e como você descobriu a música eletrônica?

É difícil dizer quando, mas lembro que já com 16, 17 anos (começo dos anos 2000) eu só queria saber das festas eletrônicas. Foi uma época em que o Dj Marky Mark começou a bombar com seu drum´n´bass mega dançante e que começaram a fazer as mini raves na taboquinha.. Nessa época também tinha o Gates (que eu frequentava menos) e algumas festas de house pequenas em clubes.

SUKJEET

[TUNTISTUN] Quais foram suas primeiras festas e Djs que te abriram os olhos?

Certamente o 5uinto no Galeria foi muito marcante e todos os Djs que tocaram ali. Mas eu tive uma coisa louca mesmo com o Isn´t e The Six. Pra mim eles foram muito importantes na cena de Brasília, tanto pelo estilo de festa que faziam quanto pelo som que tocavam. Era muito diferente de tudo. Muito experimental e fora de circuito total. Mas eu sempre gostei de muita coisa na música eletrônica, eu me considero bem eclética apesar de, hoje, depois de muitos anos de pesquisa, acabei ficando mais seletiva. hehehe. Fora essas festas locais, muitas festas grandes me marcaram também, onde eu pude ver Djs incríveis como o Green Velvet em uma Love Parade aqui em Brasília. Não têm como deixar de citar a Skol Beats em São Paulo, que foi outro momento marcante e eu já era um pouco mais velha. No Skol Beats eu vi Prodigy, Tiga, Fischerspooner. Lendas da música eletrônica. 

[TUNTISTUN] E logo que você gostou da música decidiu ser Dj? Como foi esse caminho?

Quando eu comecei a frequentar as festas dos amigos que tocavam eu quis muito tocar também. Dessa vontade, aos 15 anos minha mãe me deu uma CDJ e eu fiz milhares de festas com amigos e desde então não parei mais. Apesar de não ter me tornado DJ como profissão principal, e eu ter seguido outros caminhos, eu nunca consegui me afastar das pistas. Sempre ficava no front vendo todos os DJs que eu gostava tocando e aprendendo com eles. Meus amigos que tocavam me ensinaram muito também e cada um deles tocava um estilo diferente. Então, eu também acabei percorrendo vários caminhos como DJ. Toquei muito house, claro, mas já explorei muitos estilos, inclusive o trance, que eu tenho um carinho especial.

Mas com certeza o período mais marcante e que definiu o estilo que toco hoje, que nem eu sei direito qual é hahaha, foi eu ter ido morar em Berlim em 2011. Lá eu conheci um movimento de música eletrônica muito diferente do que eu conhecia aqui. A pegada downtempo e a mistura do eletrônico com outros estilos totalmente diferentes me tocou muito e eu comecei a mergulhar muito nessa vibe mais orgânica que conheci lá.. Quando voltei de Berlim em 2012, ninguém tocava esse estilo de música aqui. Não tinha nem espaço para tocar esse tipo de coisa e na Balada em Tempos de Crise e outros eventos que começaram a ter, como a Limbo, eu comecei a levar esse som para as pistas e o resultado não poderia ser diferente, a galera se envolve muito.

SUKJEET

[TUNTISTUN] Diz para gente 5 músicas que te marcaram no início da sua descoberta na música eletrônica?

Nossa, difícil escolher 5 músicas, porque muita coisa me marcou mesmo! Então vou citar 5 artistas que eu ouvi muito no início da minha viagem dentro do universo da música eletrônica. São eles: Prodigy, Green Velvet, Miss Kittin, Fatboy Slim, Underworld.

[TUNTISTUN] Você participou ativamente da cena eletrônica da cidade, desde cedo frequentou as festas, quais são suas melhores lembranças desse período inicial?

As festas do Isn´t e The Six e o 5uinto, como já disse, foram muito marcantes e eu ia sempre que tinha. Nossa, só tenho boas lembranças. As festas eram sempre em lugares inusitados, casas, casarões, espaços meio escondidos. A divulgação era quase sempre no boca a boca. Às vezes a gente estava sentado no Berias sul e recebia um flyer e todo mundo já ficava coçando pra ir pra festa. Nessa época, acho que Brasília só tinha o Gates para chamar de club, e olhe lá. Então eu gostava dessa atmosfera intimista das festas de música eletrônica que eu ia. Me reconhecia muito nas pessoas que frequentavam. Gays, lésbicas, clubbers… era muito diverso. Eu realmente me encontrei na cena eletrônica.

[TUNTISTUN] Quais paralelos você consegue visualizar dos tempos mais antigos para a atualidade da cena? Sempre foi muita luta, correto?

Com certeza, a cena sempre foi muito marginalizada, porque as pessoas são diferentes. Elas se vestem como querem e dançam loucamente até de manhã. Os espaços para realizar esse tipo de eventos sempre foram muito visados. Tanto que Brasília nunca foi uma cidade com clubs e boates de música eletrônica de verdade. Tudo que teve abriu e fechou e na maioria das vezes eram casas mais frequentadas por um público mais seleto e menos democrático. Apesar da luta, acho que o paralelo mais importante que vemos hoje é um paralelo positivo. A formação de vários coletivos e a realização de festas na rua com a ocupação do centro da cidade. Acho que isso fortaleceu bastante o movimento de música eletrônica, que também foi beneficiado pelo avanço das tecnologias e mídias sociais que existem hoje.

SUKJEET

[TUNTISTUN] Conta um pouco da sua visão do surgimento e consolidação da Balada em Tempos de Crise, deve ter muita história para contar ne? Fala um pouco das coisas que aconteceram e que te fazem lembrar com nostalgia e esperança sobre esses anos todos que vocês estão na ativa?

Nossa, a BTC tem muita história mesmo.. Coisas que nem posso revelar aqui kkkkk. Mas acho que o que marcou muito no começo é que as primeiras edições da BTC eram secretas e isso provocou um frenesi nas pessoas. Todo mundo queria de alguma forma ir e o local só era revelado poucas horas antes do começo. A gente fazia umas enquetes em troca de brindes para as pessoas adivinharem onde seriam.  A primeira de todas foi debaixo da terceira ponte. Foram 70 pessoas. Tudo improvisado e muito simples, mas desde o começo tudo feito com muito amor e carinho.

Eu, Kaká e Igor fomos muito ousados. Pois a gente fez muita coisa no começo que a lei não permitia. Mas essa era a graça e o que movia a gente. A segunda edição foi na passarela da asa norte que dava acesso à quadra do Balaio. A gente decorou todo o corredor central, colocamos luzes negras, várias luzinhas, penduramos coisinhas, enfim o lugar ficou bem espacial. A galera pirou muito no rolê que a gente fez e depois dessa festa a gente sabia que a gente estava no caminho certo.

A coisa só cresceu, outros coletivos foram surgindo e fazendo festas na rua também, e a gente fica feliz de ver todo esse movimento que, de certa forma, surgiu com a BTC aqui em Brasília.

Bem, todos os registros das festas estão na página do facebook e vale a pena dar uma olhada lá por que as imagens valem mais que mil palavras, não é mesmo? hehehe 

Além disso, a BTC também abriu caminhos para minha “carreira”  de DJ, pois foi onde eu tive a oportunidade de mostrar meu som para pistas maiores e conforme as pessoas iam nas festas e ouviam meu som, elas começaram a me conhecer e me dar muitos feedbacks positivos. E isso é muito importante para qualquer DJ. Eu sou muito grata por ter topado entrar nessa loucura – com Igor e Kaka – que a gente tanto ama fazer juntos e que acabou dando frutos para outros empreendimentos na cidade como a ocupação do Conic.

SUKJEET

[TUNTISTUN] E você tem outras paixões além da música? Conta pra gente, o que também te faz feliz?

Simmmm, com certeza. Além de tocar como DJ, eu também toco percussão, estou aprendendo a tocar piano para desenvolver mais minhas habilidades musicais, pois tenho muita vontade de produzir e comecei a produzir recentemente. Então, aguardem que num futuro não muito distante pretendo lançar algumas coisas autorais na música eletrônica. Mas bem, além disso, de fazer esportes, de jogar malabares, de dar um rolê na chapada, de pegar uma praia gostosa e de relaxar sempre que possível. Tenho dado muito valor para os momentos de ócio, por que a vida demanda cada vez mais e talvez o que têm me feito feliz é poder viver uma coisa de cada vez, curtindo o percurso sem buscar necessariamente um ponto de chegada.

[TUNTISTUN] Pode indicar 5 músicas mais recentes que você tem curtido?

Nicolas Jaar – El Bandido

Sabo, Acid Pauli – Singing Game (Acid Pauli’s Sequencer Remix)

KMLN – Sabilu

Populous – Racatin

Makossa & Megablast –  Soy como Soy  (DJ Koze remix)

[TUNTISTUN] O que você acha da energia da pista de Brasília?

Cada pista é uma pista, mas no geral eu me sinto muito confortável com as pistas que frequento das festas dos amigos e parceiros. Tenho um carinho especial pela Limbo, que tem um som mais cremoso, o som que conheci em Berlim. Mas também curto um som mais pesado, uma technera forte e hipnotizante como da galera da Bruta. Acho que cada som, cada pista, têm sua importância no processo de construção de uma comunidade alternativa, fortalecida e articulada que têm se formado em Brasília. Isso é o que importa no final das contas. Um movimento capaz de oferecer várias pistas para todo tipo de dança.

Posted in

DJ Oblongui

× Como posso te ajudar?