Xandy: Muita história na música eletrônica
Xandy é um grande DJ dessa cidade, participou ativamente do movimento nas décadas de 90 e 2000, já passou por várias fases de som, de House ao Techno, depois se aproximou ainda do Drum n Bass. Curtam esse bate papo que esse cara tem história e experiência!
TUNTISTUN: Tudo bem? é uma alegria imensa fazer essa entrevista com você. Eu sei que você é uma das grandes referencias para muita gente do início, vamos falar um pouco disso tudo, beleza? Me conta um pouco de você, passou a infância onde, como foi esse período inicial da sua vida?
XANDY: Nasci em Brasília, sempre morador do Guará. Sou de uma família de 09 irmãos, minha infância foi de muita diversão sempre com atividades físicas, jogava muito futebol, vôlei, basquete e muita brincadeira de criança, bola de gude, pique esconde, bete, essa coisas.
TUNTISTUN: Sempre foi ligado em música?
XANDY: Sim, cresci ouvindo Beatles, Pink Floyd, Led Zeppelin, Deep Purple, Rick Wackeman, Emerson Lake & Palmer, aprendi um pouco de violão.
TUNTISTUN: Quando descobriu a música eletrônica?
XANDY: Acho que a primeira coisa que ouvi e chamou minha atenção foi KraftWerk, sempre tive influências do Rock, já na adolescência ia há vários shows de Rock em Brasília, já tive a honra de ver shows da Plebe Rude, Legião Urbana, antes mesmo da fama, ficava fascinado com aquela barulheira. Mais tarde comecei a me interessar por bandas de Rock que usavam recursos eletrônicos, sintetizadores, sequenciadores e bateria eletrônica, a exemplo posso citar, Comsat Engels, Joy Division, New Order, Depeche Mode, Art of Noise, Durutti Colum, depois fui descobrindo Gramaster Flash, Afrika Bambaata, Paul Hard Castle.
TUNTISTUN: E quando e como decidiu ser DJ?
XANDY: Acho que foi em meados dos anos 80, ficava fascinado e curioso em saber como os Radialistas/Operadores de áudio trocavam de música sem interrupção, a tão sonhada “mixagem”. Eu tinha um 3×1 da Sony em casa. Um belo dia apertei as teclas Phono e Tape ao mesmo tempo, e percebi que as duas músicas estavam tocando simultaneamente, da fita cassete e do vinyl, daí iniciei minhas primeiras experiências de mixagem.
TUNTISTUN: Quais foram as primeiras festas que você olhou para os DJs com atenção?
XANDY: Me lembro as ruas de lazer do Guará, a primeira vez que vi um DJ tocando com um par de toca discos, eram as Gradiente D-35, inclusive aprendi a mixar de fato nesses toca discos.
TUNTISTUN: E qual foi a importância de você ter convivido com DJs mais experientes na sua formação?
XANDY: Ah, isso foi muito importante. Eu ia pra Zoom só pra ver o Zebrão mixando, e tive o privilégio de me tornar amigo dos meus ídolos em Brasilia, Celsão, Elyvio Blower, Chokolaty, Luiz Mãos de Fada, Raul, depois Kax, Linkage, Poeck, Lui J, Freeky, Hopper, LS2, Oblongui, Collares, Maze,Twin Cam, Komka, Léo S/A, Dexter, Weirdo, não necessariamente nessa ordem.
TUNTISTUN: Como você vê a situação atual em relação a cultura do DJ? Mudou muita coisa do que era ser DJ no passado para o papel dele hoje em dia?
XANDY: Mudou muito, hoje qualquer um é DJ, e o Digital contribuiu muito pra isso. Não tenho nada contra o cara querer tocar com mp3, eu mesmo toco com esse formato , até porque tudo pra DJ é muito caro, a diferença é que o prazer e a motivação que tenho pra tocar é em toca discos, mas isso é muito pessoal (rsssss), quando pego no acetato, regulo o pitch de ouvido, sem olhar pra Spectro, solto a musica, ai dá aquela variação do analógico, ai vc tem que ajustar, isso sim, na minha opinião é o prazer de tocar e sentir que esta tocando.
TUNTISTUN: O que na sua visão a cidade precisa ainda desenvolver?
XANDY: A Cultura do DJ está meio perdida e o público e produtores de festa não estão mais dando importância se o cara é profissional, pesquisador, ou possui uma técnica apurada ou bom repertório (que pra mim é o mais importante).
TUNTISTUN: Você foi um cara que conseguiu tocar vários estilos, da a dica de umas 5 músicas importantes para você?
XANDY:
Blue Monday – New Order
Good Life – Inner City
Planet Rock – Afrika Bambaata
Numbers – Kraftwerk
Fresh – Kool & The Gang
TUNTISTUN: E como está sua vida hoje em dia?
XANDY: Trabalho, sou bancário, casado, tenho meu par de toca discos em casa, continuo pesquisando músicas, eventualmente ainda compro disco de vinyl, principalmente os clássicos que sempre quis ter, e estou sempre ligado a música, seja em casa ou na carro ou na casa de amigos, o assunto principal é a música, detalhe, gosto de conversar sobre música, e não sobre DJS.
TUNTISTUN: Você viveu bons momentos na cidade, o que ficou registrado na sua memória de bom?
XANDY: Instituto Ghoete (acho que é assim que se escreve), Teatro Dulcina, 02 DJS Alemães, apenas um Strobo de iluminação, um par de Technics, um mixer, um PA Absurdo, e o Techno batendo bem forte, essa é uma das melhores lembranças que tenho.
Wlod e miQRa, lá que conheci o Cnun, Sunrise, Oblongui, inclusive Roy Castle eu ouvi pela primeira vez sendo tocada pelo Gui, fiquei louco pela música na hora. as festas do Dulcina em Geral, U.M, Techtronic, Fuse, Gotas Analógicas, 5uinto.
TUNTISTUN: Passados esses anos todos, estilos cresceram e foram, carreiras também apareceram e desapareceram, o que você diria de mensagem para os novatos?
XANDY: Pesquisa, postura, Técnica, Feeling.
Toquem pela música, não queiram ser mais que a música, lembrem-se, você está tocando a obra de outra pessoa, e ainda que seja Dj/produtor, deixe que a musica fale por si mesma.
TUNTISTUN: Tem acompanhado as produções e Djs novos da cidade? Tem alguns pra indicar?
XANDY: Vangeliez( Esse não podia faltar, tem a coisa da genética_, rsss), Broken, Hopper.
TUNTISTUN: Quais DJs históricos da cidade você pode dizer que a juventude deveria conhecer?
XANDY: Elyvio Blower, Mário Bethoven, Raul, Luiz Mãos de Fada Chokolaty,
Depois: Cnun, Sunrise, LS2, Oblongui, Hopper, Komka, Freeky, Weirdo, Poeck, Lui J e Arlequin.
