XOXOTTINI LANÇA PODCAST PELO SELO ARGENTINO LOGIA RECORDS
Quando o cataclismo da pandemia do COVID-19 impôs o isolamento social no começo de 2020, diversos artistas buscaram alternativas para manter a visibilidade de seus trabalhos.
Uma vez que as festas foram impedidas de acontecer por tempo indeterminado, essas novas articulações viraram o jogo e provocaram um intercâmbio cultural entre diversos países – rodando uma enorme gama de artes digitais, linguagens e técnicas.
Quase um ano após o decreto de isolamento da OMS, as definições de “espaço” sofreram alterações drásticas. Nesse novo normal as redes sociais e plataformas de streaming são carregadas de conteúdo após conteúdo – o que impede muitos trabalhos e artistas independentes de conseguir reconhecimento e alcance a partir de suas produções.
Por uma grande necessidade de criar palcos para tais agentes culturais, a Logia Records lançou uma chamada aberta em 2020 para aqueles com interesse em lançar podcasts, EP’s e singles através da gravadora.
“A gravadora visa uma chamada aberta as “minorias” que são sutilmente deixadas de lado e, geralmente, invisíveis para o mainstream da cena; com o intuito de romper com essa dinâmica excludente e, em simultâneo, fomentar o – possível – surgimento de novas personalidades capazes de enriquecer o crescimento musical de todos” – o selo diz à HM.
A proposta explora os aspectos das mudanças cada vez mais presentes na nossa vida cotidiana, sejam elas ligadas à arte, cultura ou História. O coletivo de artistas argentinos atua diretamente na manutenção da cena underground de Buenos Aires e sente o som com a temperatura e vibração das pistas de dança. Flertando com o indie-dance, post-punk, techno e acid, cria uma identidade marcada por graves sombrios e pesados. Nesse ano, a estreia das novidades ficou por conta de Xoxottini. A artista brasileira apresentou o set “Lesbian Shield”, feito com base em uma pesquisa inteiramente de produtoras mulheres.
https://www.instagram.com/p/CK1xWwKJ-yf/
Buscando compartilhar sensações e reflexões próprias, Xoxottini nos convida a percorrer uma experiência dramática e atemporal. Sua versatilidade viaja pelo dark disco, synth
wave, indie dance, Italo disco, EBM e nu disco (transitando também entre o techno e electro). Sem dúvidas, a DJ e produtora marca seus sets demonstrando sua forte personalidade com batidas intensas, psicodélicas, futuristas e enternecedoras.
Nesse mix, ela dirige seu caminhão por uma viagem intensa e intrigante através das mãos e mentes de mulheres incríveis que a inspiram, construindo uma narrativa que interliga o techno ao electro, o breakbeat ao indie dance, passa pelo misterioso dark disco encontra o dramático synth wave. “Na série de podcasts da rádio cada mix possui um nome, e logo veio na minha cabeça que o set chamaria “Lesbian Shield”. Meu nome artístico tem uma história e esse termo faz parte de tudo isso”, conta a residente das festas belo-horizontinas Avulsa e TREMBASE (na qual também é produtora), que começou a discotecar na adolescência ao acompanhar o pai – que é DJ, técnico de som e sua maior fonte de referências dos anos 80.
“Na época que me assumi lésbica para minha família foi um caos – meus familiares, na época, não tiveram uma boa reação. Minha mãe apareceu horrorizada no meu quarto dizendo que minha tia havia me visto fazendo o “escudo lésbico” em uma foto e, na hora que ela disse isso, fiquei me perguntando de onde surgiu esse termo. Este dia foi bem dramático, mas ao longo da semana comecei a achar o termo incrível e me apropriei completamente dele! Foi daí que também surgiu Xoxottini”.
https://www.instagram.com/p/CK-Wc17pocD/
A idealização do set representa esse momento de autoconhecimento e autoafirmação. A construção baseada em mulheres que a inspiram – e em artistas que conheceu recentemente – fez com que sua personalidade fosse representada na mistura dos seus gostos musicais e universos sonoros preferidos:
“Para mim, a música é uma forma que vejo de conexão entre as pessoas e, quando estou
gravando um set, procuro sempre estruturá-lo de uma forma que eu consiga exteriorizar meus sentimentos – assim, posso me conectar com os ouvintes. Foi um set bem difícil de estruturar durante a gravação – já que eu queria idealizar diferentes vibrações e, ainda assim, mantê-lo coeso com início, meio e fim, e dentro da minha própria identidade musical. Cheguei a regravar umas sete vezes!”
Tracklist:
Valesuchi – Nasty Woman
Mari Herzer – Autoconstrução
Zanias – Carbon
Badsista – FEELING DE DOIDA
Badsista – NA ONDA DA BABYLON
Octo Octa – River
Ananda & KENYA20Hz – Transmissão Pro Fim Do Mundo (KENYA20Hz Remix)
Sheefit – Why
She Teiks & Fernanda Arrau – Ácida (Fernanda Arrau Remix)
Cyndi Lauper & Honey Dijon – Sex Is In The Heel (Honey Dijon Club Mix)
Peaches & Maya Postepski – Vaginoplasty (Maya Postepski Remix)
Kim Petras – TRANSylvania
Shubostar – Maoi
Anastasia Zems – Act
Terr – Welcome Rain
Perel – Die Dimension
Frontinn – Corporate Advertising
Marie Davidson – Renegade Breakdown